Como eu lido com a música em minha vivência espiritual
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Como eu lido com a música em minha vivência espiritual

Atualizado: 16 de mar.




As várias liras, flautas, tambores, teclado, violino e outros instrumentos que participam do meu caminho espiritual mostram que não apenas exerço minha prática com base nos grimórios, evocações ou bruxaria natural. Encontro também minha paz e meditação através do som. Permitam-me elucidar como isso se desenrola para mim.


A música das esferas, também conhecida como harmonia das esferas ou música universal, é um conceito ancestral delineado pelos gregos, postulando uma harmonia divina e matemática entre o macro e o microcosmo. A origem desse conceito é antiquíssima. Desde os primórdios, quando a humanidade começou a discernir a regularidade dos movimentos celestes, como as órbitas das estrelas no céu noturno e as fases lunares, associou esses padrões à ordem e harmonia supra-humanas, que serviram de alicerce para a organização da vida em comunidade. No entanto, foi na civilização grega que essa associação entre a mecânica celeste e a música se consolidou, à medida que a filosofia abstrata ganhava terreno, desvinculando-se da mera observação da natureza. A escola filosófica jônica, habitada por pensadores como Tales de Mileto, Pitágoras e outros, absorveu tradições antigas e manifestou um interesse marcante pela descrição do mundo, buscando unificar os fenômenos observados sob leis gerais. Pitágoras, em particular, estabeleceu uma conexão entre os movimentos celestes e as proporções matemáticas que governavam as consonâncias e dissonâncias musicais. Para ele, o cosmos era um vasto mecanismo de origem divina, regido por uma estrutura unificada, onde os números desempenhavam um papel fundamental.


Essa ideia pitagórica foi enriquecida por outros filósofos, que a difundiram como uma arte com implicações cosmológicas, metafísicas e morais. Acreditava-se que a música não apenas influenciava o mundo e o comportamento humano, mas também refletia a harmonia celestial, tornando-se essencial para a preservação da ordem social e a formação do caráter virtuoso do cidadão. Platão reforçou essa teoria em seus diálogos, postulando que o universo foi criado com base nas proporções matemáticas descobertas por Pitágoras, retratando-o como uma escala musical. O cristianismo também se apropriou dessas formulações, utilizando-as para organizar sua cosmologia.

Apesar das mudanças e adaptações ao longo dos milênios, a música das esferas continuou a exercer fascínio, impulsionando o desenvolvimento da ciência, filosofia e artes. Influenciou figuras como Aristóteles, Plotino, Dante Alighieri, Isaac Newton, entre outros, e sua reverberação é sentida até hoje, tanto na música contemporânea quanto na busca por uma "teoria de tudo" na ciência.

O Quadrivium, estágio superior das Artes Liberais, abrange o estudo das artes dos números, entendendo a aritmética como a arte que estuda a quantidade que existe por si só e a música como aquela que estuda a quantidade em relação a outra. Pitágoras, ao perceber as harmonias familiares nos tons produzidos pelo trabalho do ferreiro, descobriu que toda a natureza é composta por harmonias resultantes de números.


Existem três tipos de música: humana, instrumental e universal. A música do universo refere-se ao estudo da relação entre as sete notas musicais e os movimentos dos astros celestes. Como uma Arte Liberal, a música está intrinsecamente ligada às virtudes humanas, difundindo-se em todos os aspectos da vida conforme vivemos de acordo com os preceitos divinos. Ao longo da história do Cristianismo, a música evoluiu de uma disciplina matemática para uma arte sacra que glorifica a Deus e santifica as almas.


Tambores - Meu Uso

A ressonância profunda e pulsante dos tambores tem o poder de induzir estados alterados de consciência e facilitar a entrada em estados meditativos profundos. Quando utilizados em meditação, os tambores ajudam a ancorar a mente e o corpo, permitindo que os praticantes se sintonizem com seu ritmo interno e entrem em um estado de relaxamento profundo.


A Lira

A primeira lira de Apolo foi um presente de seu meio-irmão, Hermes. A troca simbólica da primeira lira de Apolo por Hermes, seu meio-irmão, tem várias interpretações profundas e metafóricas que ecoam na mitologia e na astrologia.

Na mitologia grega, Hermes é conhecido como o mensageiro dos deuses, associado à comunicação, viagens e trocas. Apolo, por outro lado, é o deus da música, poesia e luz. A troca da lira pode simbolizar a transferência de habilidades e conhecimentos entre os deuses. Representa a ideia de que a comunicação (Hermes) e a expressão artística (Apolo) são interdependentes e complementares.

Na astrologia, Hermes corresponde ao planeta Mercúrio, associado à mente racional, comunicação e agilidade mental. Apolo corresponde ao Sol, que representa a individualidade, criatividade e expressão do eu. A troca da lira pode sugerir a integração harmoniosa entre a mente e o coração, entre a lógica e a intuição. É a união dos opostos, onde a mente (Hermes/Mercúrio) e o coração (Apolo/Sol) trabalham juntos em equilíbrio.

A troca da lira também pode ser vista como parte de um ciclo de renovação e transformação. Na mitologia, Hermes é conhecido como um deus astuto e enganador, enquanto Apolo é associado à ordem e à beleza. A troca da lira pode representar a transição da astúcia e da travessura de Hermes para a harmonia e a beleza da música de Apolo. Isso sugere que mesmo a enganação e a mudança podem levar a uma expressão mais elevada e refinada da arte e da criatividade.


A Flauta de Pã

A história da flauta de Pã, também conhecida como flauta de Syrinx, é um conto de amor, perda e transformação da mitologia grega. Pã, o deus dos pastores e dos rebanhos, se deparou com a bela ninfa Syrinx durante uma de suas andanças pela natureza. Apaixonado à primeira vista, Pã buscou conquistar o coração de Syrinx, que, por sua vez, estava habituada a rejeitar as investidas dos homens e dos deuses. Apesar de suas tentativas de fugir, Syrinx não conseguiu escapar da persistência de Pã, que a perseguiu incansavelmente por vales, colinas e florestas. À beira de um rio, exausta e sem saída, Syrinx implorou ajuda aos seus familiares divinos. Antes que Pã pudesse alcançá-la, ela invocou a ajuda de seu pai, o Deus-Rio Ladon, e de suas irmãs, as ninfas Ladônides. Transformada em juncos selvagens, Syrinx desapareceu diante dos olhos de Pã, deixando-o atormentado pela perda de seu grande amor. Envolto em dor e melancolia, Pã quebrou os juncos onde Syrinx se transformara. Um vento suave passou por entre os fragmentos e produziu uma melodia celestial, semelhante à voz encantadora de Syrinx. Inspirado por esse som, Pã recolheu os pedaços de junco e, usando cera e fios, construiu uma flauta. A flauta de Syrinx, ou flauta de Pã, tornou-se uma extensão do próprio Pã, um símbolo de seu amor perdido e da beleza efêmera da natureza. Para ele, a flauta não era apenas um instrumento musical, mas sim uma conexão eterna com sua amada e com a harmonia da natureza que os cercava. A transformação dos juncos em uma bela flauta representa a capacidade de transformar a dor e a tristeza em algo bonito e significativo. Isso nos ensina sobre a importância da expressão artística como uma forma de lidar com as emoções e encontrar beleza mesmo em momentos de perda.

A breve aparição de Syrinx e sua transformação em juncos selvagens destacam a natureza efêmera da beleza e do amor. Essa parte da história nos lembra da transitoriedade da vida e da importância de valorizar os momentos preciosos enquanto os temos. A melodia da flauta, criada pelo vento passando pelos juncos, simboliza o poder transformador e inspirador da natureza. Isso nos convida a contemplar a beleza e a harmonia que podem ser encontradas no mundo natural e a reconectar-nos com esse aspecto essencial de nossas vidas. A flauta de Pã, feita a partir dos materiais fornecidos pela própria natureza, destaca o vínculo profundo entre os seres humanos e o mundo natural. Isso nos lembra da importância de respeitar e preservar o meio ambiente, além de reconhecermos nossa interdependência com todas as formas de vida na Terra. A flauta de Pã também pode ser vista como uma expressão do divino através da música. Ela representa a capacidade da arte de elevar nossas almas, conectar-nos com o sagrado e transmitir emoções e ideias que transcendem as palavras.

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